Durante um atendimento essa semana um paciente me respondeu que sua maior angústia vinha desse “Desfuturo” que ele vivência na pandemia.
A palavra me chamou atenção de imediato e não pude deixar de me reconhecer nessa condição. O Desfuturo marca a experiência de pandemia.
Entendi o Desfuturo como essa relação que a pandemia nos coloca com o tempo futuro. Desfuturo como ausência de futuro, e como esse momento de crise.
Penso que o Desfuturo não é exclusividade de nossos tempos pandemicos. Acredito que seja, sim, a primeira experiência de Desfuturo de toda uma geração.
Entre tantas histórias interrompidas o Desfuturo instaura uma crise e apresenta uma oportunidade de viver no aqui e agora, um dia após o outro. Aprender a respirar sem ar. A seguir em frente mesmo com um futuro ausente, em pausa no passado.
Desfuturo vem também pra alterar nossa inércia, nossa rotina e pra mostrar que deixávamos o momento presente de lado para viver no futuro. O Desfuturo vem pra escancarar nossa vulnerabilidade e fica marcado no corpo como uma cicatriz, e como toda cicatriz, conta uma história.